Ansiedade é uma doença?

A ansiedade é uma doença? Ela esteve presente durante toda a nossa existência, porém, de um tempo pra cá, ela tem se tornado um assunto recorrente. O motivo de estar presente em tantos estudos e pesquisas é o fato de ter se intensificado e se tornado constante na vida de muitas pessoas. O progresso, humano e tecnológico, aconteceu de forma rápida e essas mudanças contínuas geram um aumento da pressão sobre o ser humano. Quando a adaptação a esse novo cenário torna-se difícil, o nosso corpo responde com diferentes emoções negativas e, uma delas, é a ansiedade exacerbada e frequente. Esse estado pode causar diversos efeitos sobre o organismo humano e o seu psicológico. 

Então, iremos falar sobre o que é a ansiedade, como identificar os sintomas, se é uma doença ou não, se é necessário procurar ajuda e se existe algum tratamento. 

Se você é uma pessoa que se considera ansiosa, esse é o texto ideal para entender até que ponto isso é normal. Mas, se você tem vários sintomas, que não parecem ter relação, e não sabe o que está causando eles, esse texto também pode ser para você.

O que é ansiedade?

A ansiedade é uma reação biológica natural, é uma manifestação fisiológica, ou seja, uma resposta normal do corpo. É própria do ser humano e necessária para a nossa sobrevivência social, já que é ela que nos prepara para encarar as situações desafiadoras da vida. Além disso, desencadeia reações físicas e psicológicas quando precisamos nos defender em momentos de perigo. Durante a vida experimentamos graus diferentes de ansiedade, assim como de preocupação, de raiva e de medo. Podem ser maiores ou menores, isso vai depender das circunstâncias, que estão presentes em vários períodos da vida. Como, por exemplo, antes de um primeiro encontro, de uma prova, de uma entrevista de emprego, de um esporte radical ou ao viajar de avião. 

Nesses casos, podemos sentir um frio na barriga, um suor nas mãos, a boca seca e até uma palpitação. Essas são características normais que podem surgir, em diferentes graus, diante de cenários novos, difíceis ou importantes.

Sendo assim, a ansiedade tem seu valor positivo, ela nos motiva e também serve como um sinal de alerta, para enfrentarmos as ameaças e preservarmos a nossa vida. Contudo, quando essa reação espontânea, de luta ou fuga, torna-se anormal e excessiva, ativada até mesmo em situações que não comprometem a vida, ela perde esse papel protetor e motivador.

Ansiedade é uma doença?

Partindo desse ponto, podemos dizer que a ansiedade torna-se patológica (doença) quando a sua intensidade, a sua duração e a sua frequência aumentam a ponto de interferir no desempenho social e profissional do ser humano. Por consequência, esse sentimento torna-se tão intenso e desconfortável que evolui para um transtorno mental, que vem acometendo cada vez mais pessoas.

Segundo pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão. A estimativa é de que 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade. Esses números estão relacionados a fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego, e a condições ambientais, como o estilo de vida em grandes cidades.

Bem como, no Relatório Mundial da Saúde, quase todos os estudos demonstram que as perturbações depressivas e de ansiedade são mais comuns no sexo feminino. Eles relacionam essa prevalência a fatores genéticos, biológicos, hormonais, sociais e psicológicos. Concluindo ser possível que haja mais fatores de estresse, tanto reais como percebidos, entre as mulheres. Os dados mostram que tanto a depressão quanto a ansiedade são problemas globais e impactam a nossa qualidade de vida. 

Como sei se tenho ansiedade patológica?

Do ponto de vista dos autores citados neste artigo de revisão da literatura, poderá acontecer com a maioria de nós um sentimento de preocupação, considerado normal, moderado e passageiro. Entretanto, quando esse sentimento é excessivo, crônico, permanente e incontrolável, ele faz exatamente o contrário do que deveria e impede a nossa reação. Ou seja, a ansiedade patológica surge quando essa resposta do organismo a uma situação ou ameaça é desproporcional. Ela tem uma intensidade muito maior e uma duração considerável, fazendo com que esse sentimento de inquietação, angústia e preocupação resultem em sofrimento e prejuízo a pessoa que sofre desse distúrbio. 

*Alerta de gatilho!*Nesses casos, podem aparecer sintomas como distúrbios do sono (insônia), coração acelerado, palidez, respiração ofegante, tensão muscular, tremores, tontura, desconforto no estômago ou no intestino, entre várias outras condições. 

Além disso, outras atitudes que o ansioso apresenta são comportamentos como fuga de situações importantes na área social e profissional. Sendo assim, ele adia eventos como festas, reuniões, provas, encontros, leitura de algum e-mail, porque considera que seja algo ameaçador. Contudo, são situações normais que a própria pessoa sente de forma desproporcional ao risco real, acreditando que eles prejudicam sua segurança e bem estar. Apesar disso, para ser classificado como um transtorno mental é necessário que os sintomas apresentados se enquadrem nos critérios de diagnóstico, que podem ser feitos somente por um profissional qualificado.

Como evitar que a ansiedade se torne disfuncional?

Primeiramente, temos que lembrar que os transtornos ansiosos podem afetar tanto crianças, quanto adultos e idosos, gerando consequências  importantes no seu cotidiano. Inclusive, um distúrbio de ansiedade na fase adulta pode ter se iniciado durante a infância ou adolescência. 

De modo geral, procuramos não pensar nas coisas que nos causam estresse, angústia e medo. No entanto, quando não encaramos esses sentimentos, eles se tornam uma influência negativa na saúde mental e aumentam as oportunidades de manifestarmos os sintomas da ansiedade. Por isso, um bom começo é tentar entender melhor os nossos gatilhos e, porque essas situações específicas causam essas sensações. 

Da mesma maneira que falar com alguém de confiança sobre os nossos problemas e sentimentos pode ajudar. Procure uma rede de apoio, como familiares, amigos, profissionais, alguma organização ou grupo de apoio online. Essas pessoas estarão presentes, mesmo que não estejam fisicamente no mesmo local, para nos dar suporte quando for preciso.

Mas se a ansiedade já foi diagnosticada como uma patologia ou transtorno é recomendado que a pessoa procure um tratamento psicológico o mais breve que puder, evitando que o quadro piore.

Outro ponto, que não podemos descuidar, são as dores físicas. Conforme o que foi apresentado no Relatório Mundial da Saúde, as pessoas com dor persistente tinham maior probabilidade de sofrer de ansiedade ou de perturbações depressivas do que as que não tinham dor. Em vista disso, devemos buscar ajuda para tratarmos qualquer dor, porque muitas vezes a negligenciamos e não damos a atenção devida. Principalmente quando se trata de automedicação para alívio somente dos sintomas, sem buscarmos a causa. Podemos lançar mão de um acompanhamento em grupo ou multidisciplinar, por exemplo, ou um exercício físico com mais pessoas, ou aulas de Meditação e Ioga. Dessa forma, é possível reduzir esses comportamentos inadequados e, principalmente, melhorar as dores, trabalhando o físico e o mental simultaneamente.

Ansiedade tem tratamento?

Aqui, portanto, uma notícia boa. A ansiedade é um distúrbio mental com tratamento. Inclusive, Robert L. Leahy, diretor do Instituto Americano de Terapia Cognitiva em Nova York e autor de vários livros, diz que esse é, atualmente, um problema altamente tratável, como citam as autoras nesse artigo. Isto quer dizer que as intervenções para tratamento das perturbações mentais e comportamentais conseguem promover uma melhora significativa na qualidade de vida de quem sofre desses transtornos. Podemos classificar, conforme o Relatório Mundial de Saúde, essas intervenções em três categorias: prevenção, tratamento e reabilitação. 

A prevenção primária refere-se às medidas que podemos tomar para evitar que essa resposta do corpo se torne patológica, como algumas medidas citadas anteriormente.

A prevenção secundária ou tratamento começa quando esse processo patológico já foi iniciado, ou seja, já desencadeou um transtorno mental, sendo preciso evitar maiores complicações e limitações. Tendo como exemplo a psicoterapia, ou seja, o acompanhamento de um psicólogo. Essa terapia poderá ter como meta a redução dos sintomas e/ou a prevenção de recidivas, para que o problema não retorne. Em alguns casos, conseguirá proporcionar a melhora completa do indivíduo. Ou seja, a cura, já que se propõe a influenciar o comportamento, o humor e os padrões emocionais, trabalhando a causa. 

Ainda, o tratamento farmacológico, com o acompanhamento de um médico psiquiatra, através da utilização de ansiolíticos ou tranquilizantes para a ansiedade. É importante lembrarmos que esses medicamentos destinam-se aos sintomas das doenças, sendo assim, não irão trabalhar a causa da doença, nem a sua cura, mas poderão diminuir os sintomas e controlar os efeitos colaterais deles, bem como evitar as recidivas.

A reabilitação, ou prevenção terciária, é a utilização de medidas para restabelecer a vida daquelas pessoas que já estão incapacitadas, que podem ser modificações individuais ou no ambiente.

Sendo assim, com uma intervenção profissional adequada é possível tratar a maioria das pessoas com transtornos de ansiedade. Podemos, por exemplo, combinar o tratamento farmacológico com a psicoterapia para um resultado melhor. E, independente da fase, podemos utilizar os outros recursos terapêuticos como um tratamento complementar, ou seja, associando as terapias para maiores benefícios.

Aromaterapia para diminuir ansiedade

A Aromaterapia é nossa grande aliada nesse aspecto, por ser uma terapia holística ela trata do indivíduo como um todo e auxilia na recuperação do equilíbrio físico e emocional de uma maneira natural, através dos óleos essenciais. 

Segundo o Portal da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, a aromaterapia se enquadra nas Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICS). Sendo assim, pode ser utilizada como um recurso terapêutico que irá potencializar os resultados do tratamento adotado. As PICS buscam a prevenção de doenças e a recuperação da saúde, priorizando a escuta acolhedora e integrando o indivíduo ao ambiente e a sociedade.

Aromaterapia para ansiedade

“A aromaterapia é um dos muitos modos de usarmos as forças da natureza com a finalidade de curar.” 

Robert Tisserand

Robert Tisserand foi quem criou o termo Psicoaromaterapia, utilizado para definir a área da aromaterapia que utiliza os óleos essenciais para aliviar, harmonizar e liberar sentimentos, além de estimular mudanças no comportamento e nas emoções. Sendo assim, eles podem ser utilizados no tratamento complementar para os distúrbios psicoemocionais.

Também, como foi citado no artigo, Oliveira descreve que, biologicamente, a ansiedade pode ser observada como uma ativação intensa na amígdala. Ela é uma das regiões mais primitivas do cérebro e é responsável pela reação de luta ou fuga, essencial para a sobrevivência. Isso faz com que a Aromaterapia tenha relação direta com esses comportamentos e emoções, já que ela atua diretamente no nosso sistema límbico, o gerenciador de vários comandos em nosso corpo. 

Inclusive, a amígdala faz parte desse sistema complexo, juntamente ao Hipotálamo e o Hipocampo, responsáveis pelos neurônios e glândulas e por nossas memórias, respectivamente. Isso quer dizer que os óleos essenciais irão nos ajudar em todas essas áreas. Como no gerenciamento do nosso humor, quebrando alguns padrões emocionais, promovendo um novo olhar sobre situações passadas e despertando emoções positivas. Todas essas respostas são muito rápidas, já que ao sentir o aroma de um óleo essencial, suas moléculas chegam ao sistema límbico em questão de segundos e, então, o corpo já começa a responder. As reações são físicas, porque ao inalar o óleo ele passa pelos pulmões e chega até a corrente sanguínea, e também emocionais, já que as moléculas fazem esse percurso até o cérebro.

Alguns óleos essenciais terão ação ansiolítica, anti-estresse e sedativa. Já outros podem ser estimulantes do sistema nervoso central e nos deixar mais animados quando estamos em um estado mais depressivo, pois atuam nos hormônios como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina.

Dito isso, iremos optar pela forma de uso através da inalação, sendo a rota mais rápida e eficaz para o tratamento dos problemas emocionais. Eles irão nos ajudar durante a psicoterapia, liberando as emoções, desbloqueando algumas crenças e pensamentos repetitivos, trazendo mais segurança, aliviando o estresse e a tensão, reduzindo a exaustão mental, mesmo quando nos colocamos resistentes. 

Por isso, é importante unirmos as terapias para alcançarmos o bem-estar psicológico, já que uma contribui com a outra. Além disso, os óleos essenciais irão acalmar e tranquilizar a mente, nos fortalecendo emocionalmente e trazendo essa estabilidade, força, coragem, persistência e evitando ações impulsivas nos momentos de crise. Podem melhorar o nosso humor, a qualidade do sono e amenizar os sentimentos negativos. 

No entanto, para que tudo isso seja feito de forma segura e mais eficiente, o mais indicado é procurar um profissional aromaterapeuta qualificado para uma avaliação completa e de forma individualizada. Devemos lembrar que eles são substâncias naturais, porém muito concentradas e também possuem contra-indicações e algumas precauções precisam ser tomadas, assim como qualquer outro medicamento. Ainda, por ser uma terapia integrativa, podemos associar o uso dos óleos essenciais com outras técnicas de relaxamento para intensificarmos os resultados.

Yoga pra ansiedade

Técnicas que podem ajudar a amenizar os sintomas iniciais

Uma forma de aliviar alguns sintomas e reduzir a ansiedade é através do relaxamento, já que ele é feito com o intuito de diminuir o estado de excitação. Podemos utilizar algumas alternativas aceitas pela maioria e de fácil aprendizado. Por exemplo, as técnicas de relaxamento muscular, as aulas de Ioga, as aulas de meditação, as massagens relaxantes ou técnicas de respiração, chamados Pranayamas. Ouvir uma música relaxante e fazer atividades manuais que tirem o foco dos pensamentos também pode ser de grande ajuda, como cuidar de alguma planta, bordar, desenhar, colorir, escrever em um diário, cozinhar uma receita diferente, brincar com seu animal de estimação, entre tantas outras opções. 

Use sua criatividade e faça o que te faz se sentir melhor, se você gosta de ler, por exemplo, pode ser uma boa escolha para distrair a cabeça. Todas essas práticas podem ser associadas à Aromaterapia, utilizando a inalação do óleo essencial adequado durante a realização delas. Dessa forma, juntos irão amenizar a ansiedade, chegando a um nível mais aceitável de inquietação.

Outras recomendações são voltadas para o nosso dia a dia, ou seja, mudar a rotina. Muitas vezes, são coisas que já sabemos, mas temos uma resistência. Por exemplo, praticar atividade física, diminuir o tempo no celular e na televisão, evitar o excesso de informações, ter uma alimentação equilibrada, reduzir os estímulos algumas horas antes de dormir para adormecer mais cedo, ingerir menos cafeína, açúcar e álcool. São atitudes que nos sobrecarregam ou nos mantêm em um estado de excitação e alerta recorrente, podendo ser um estímulo para as crises, por isso, devemos tentar diminuir gradualmente.

Entretanto, todas essas alternativas podem parecer uma avalanche para uma pessoa ansiosa, e não é a intenção aqui. Temos que nos lembrar que essas são atitudes que podem nos ajudar em momentos de tensão e não virar uma lista de coisas a fazer para ficarmos ainda mais ansiosos. Em outras palavras, nós somos capazes de realizar mudanças, mas elas devem ocorrer de maneira gradual, um passo de cada vez, o que couber dentro da nossa vida nesse momento. 

Portanto, vamos escolher uma opção e tentar, se não der certo, tentaremos uma coisa nova na próxima vez. Quando estivermos melhor, que tal tentarmos algo mais? 

Enquanto iniciamos esse processo, podemos utilizar os óleos essenciais para nos ajudar com a mudança de hábitos, para que elas ocorram de forma natural, sem tanta cobrança. Eles conseguem deixar tudo fluir.

Quanto menos autocobrança mais fácil será para lidarmos com nossos sentimentos, por isso é importante respeitarmos o nosso tempo e não nos compararmos com outras pessoas. Cada pessoa é única e tem suas próprias características, seu próprio tempo, por isso o autoconhecimento é essencial, para aceitarmos as nossas individualidades. Os óleos essenciais favorecem essa descoberta, visto que surgem sentimentos que nos bloqueiam e não nos deixam aprofundar nesse interior, promovendo a liberação de emoções estagnadas. A atuação deles faz com que aceitemos as emoções de maneira mais gentil. Nesse texto, falamos sobre alguns óleos utilizados para amenizar a ansiedade e a depressão. Dessa forma, iremos nos tratar com muito mais carinho e amor e viver a vida com mais leveza. 

Portanto, se você sentir alguns dos sintomas mencionados aqui, busque ajuda de um profissional da área, para te orientar da melhor forma, esclarecendo qualquer dúvida que tenha ficado. Fale com alguém se sentir que é preciso, lembre-se ANSIEDADE TEM CURA e a melhor forma da gente se ajudar pode ser pedindo ajuda.


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